ATA DA OITAVA SESSÃO EXTRAORDINÁRIA DA QUINTA SESSÃO LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA NONA LEGISLATURA, EM 28.05.1987.

 


Aos vinte e oito dias do mês de maio do ano de mil novecentos e oitenta e sete reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Oitava Sessão Extraordinária da Quinta Sessão Legislativa Ordinária da Nona Legislatura. Às dezessete horas e dezessete minutos foi realizada a chamada, sendo respondida pelos Vereadores Adão Eliseu, Aranha Filho, Auro Campani, Brochado da Rocha, Cleom Guatimozim, Clóvis Brum, Ennio Terra, Getúlio Brizolla, Gladis Mantelli, Hermes Dutra, Isaac Ainhorn, Kenny Braga, Luiz Braz, Pedro Ruas, Teresinha Irigaray, Ana Godoy e Marcinho Medeiros. Constatada a existência de “quorum”, o Sr. Presidente declarou abertos os trabalhos e iniciado o período de PAUTA. Em Discussão Preliminar estiveram, em 3ª Sessão, Projeto de Lei do Executivo nº 31/87, discutido pelo Ver. Marcinho Medeiros; Projeto de Lei do Legislativo nº 31/87, discutido pelo Ver. Marcinho Medeiros. Na ocasião, o Sr. Presidente respondeu Questão de Ordem do Ver. Clóvis Brum, acerca da regimentalidade dos pedidos de regime de urgência ao Projeto de Lei do Executivo nº 31/87 e ao Projeto de Lei do Legislativo nº 31/87, votados na Sessão Extraordinária anterior. Constatada a inexistência de “quorum”, o Sr. Presidente levantou os trabalhos às dezessete horas e trinta e cinco minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Brochado da Rocha e secretariados pela Ver.ª Gladis Mantelli. Do que eu, Gladis Mantelli, 1ª Secretária, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após lida e aprovada, será assinada pelo Sr. Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Brochado da Rocha): Passamos à

 

PAUTA - DISCUSSÃO PRELIMINAR

 

3ª SESSÃO

 

PROC. 1114 - PROJETO DE LEI DO EXECUTIVO Nº 31/87, que concede aumento de vencimentos aos funcionários da Administração Centralizada e Autárquica do Município e dá outras providências.

 

PROC. 1132 - PROJETO DE LEI DO LEGISLATIVO Nº 31/87, da Mesa, que reajusta os vencimentos dos funcionários da Câmara Municipal de Porto Alegre e dá outras providências.

 

O SR. PRESIDENTE: O primeiro orador inscrito é o Ver. Marcinho Medeiros.

 

O SR. MARCINHO MEDEIROS: Sr. Presidente e Srs. Vereadores, Antes de iniciar, quero pedir desculpas aos membros da Bancada do PDT por ter sido um pouco forte em meu pronunciamento da Sessão anterior, porém insisto em que o aumento concedido aos funcionários é irrisório, é insignificante e tudo o que tinha dito anteriormente permanece, mas com uma ressalva: quero cumprimentar os funcionários de confiança do PDT que entraram na greve, cumprimentar também ao Vereador que defendeu o direito do partido de punir os seus funcionários de confiança. Isso vem corroborar o quê? Que a posição assumida pelo funcionalismo público municipal era correta. A prova maior é de que os próprios funcionários de cargo de confiança do Sr. Prefeito também aderiram ao movimento grevista, sendo logicamente os primeiros a serem punidos pelo autoritarismo dado ao tratamento dos grevistas.

Portanto, Srs. Vereadores, a proposta enviada a esta Casa para ser votada pelos Srs. Vereadores continua a mesma proposta que foi recusada em assembléia geral. Os funcionários recuaram mediante ameaça de fome em seus lares e também tiveram solidariedade do funcionalismo e de cargos de confiança do partido do Sr. Prefeito. Talvez acreditassem eles que fosse um partido aberto, um partido democrático, um partido dito socialista, pois teria que admitir que seria justa a reivindicação a todos os funcionários, até os de sua confiança, uma vez que poderia até não considerar justa a reivindicação de funcionários que não fossem de sua confiança. Mas vejam os Senhores que o Prefeito continua dando um tratamento injusto a todos os municipários. É certo que a Cidade reclama por melhores serviços. É certo que o serviço de trânsito em Porto Alegre não está sendo dos melhores. É certo que a educação oferecida pelo Município de Porto Alegre à comunidade não é das melhores, por uma série de falhas, entre as quais poderíamos arrolar falhas humanas. Até diria que, se alguém tem culpa no cartório, podem ser os funcionários. Mas é certo que o Município de Porto Alegre, que elegeu o Sr. Alceu Collares para Prefeito, paga muito mal os seus funcionários. Não cumpre a lei, e nunca o funcionalismo perdeu tanto, em conquistas obtidas, como nesta administração. Não houve avanço nenhum do funcionalismo, só houve recuo. Os professores tinham plano de carreira; hoje não têm mais. Que justiça se faz ao conceder 20% de aumento a uma categoria, quando se sabe perfeitamente que esses 20% já foram comidos pelo disparo do gatilho? E o último gatilho que houve recentemente está comido. Então, não vejo, em nenhum momento, proposta de aumento por parte do Sr. Prefeito. O que vejo é uma proposta de enrolação por parte do Sr. Prefeito, que pretende mascarar uma realidade, que não presta contas da aplicação da receita municipal no “open” e no “over nigth.” A população não fica sabendo o resultado dessas recitas, de parte da receita que é aplicada nesses fundos. Parece que a Administração Pública está sendo gerida como uma empresa capitalista e não como uma empresa social. O poder público não deve dar lucro. Deve equilibrar receita e despesa. Se está usando parte dos seus recursos, tem o administrador que prestar contas de onde está sendo colocado o lucro obtido nesses fundos em que a administração do Município aplica os seus recursos. Portanto, Senhores, 20% é insignificante. O anunciado envio de concessão de um abono salarial, que ainda não entrou nesta Casa, de 400 cruzados para os padrões de 1 a 5, de 300 cruzados para o padrão de 6 a 7 e de 200 cruzados para os padrões acima de 7, não garante nada ao funcionalismo, porque abono, todos sabem, amanhã ou depois pode ser retirado. Não se incorpora ao vencimento do funcionário. Portanto, Vereadores, os funcionários continuam com seus vencimentos defasados e só cederam em sua greve porque tiveram a ameaça de fome em suas famílias, ameaça de corte de vantagens que tinham obtido.

 

O Sr. Auro Campani: V. Exa. permite um aparte? (Assentimento do orador.) Estou ouvindo o seu pronunciamento e acho que V.Exa. está falando de coisas de que não tem conhecimento. Em primeiro lugar, V.Exa. está falando em lucro, quando V.Exa. deveria saber que quatro mil Municípios como Porto Alegre estão fazendo movimento nacional para tirar as Prefeituras Municipais do caos em que se encontram. A nossa Prefeitura jamais dá lucro. Pelo contrário, estamos com dívidas na Prefeitura, que o Prefeito Alceu Collares vem procurando sanear no último ano de administração. Então, V.Exa. está falando de coisas de que não tem conhecimento. Que investimentos em “open” e “over nigth”? Acho que V.Exa. tem que vir a tribuna com conhecimento de causa. Lucro não existe na Prefeitura. Estamos administrando prejuízos, e está aí o Orçamento do ano. Isso V.Exa. tem que saber. Vou-me retirar e não vou ouvir mais seu pronunciamento, porque V.Exa. está falando de coisas que não sabe, que não conhece.

 

O SR. MARCINHO MEDEIROS: Lamentavelmente, o Sr. Prefeito já foi acusado de investir no “open” e “over” e até este momento não se pronunciou se é verdade ou mentira e não prestou contas à população. Mas colocar uma faixa mentirosa na frente da Prefeitura, dizendo que tinha concedido um aumento, um elevado percentual de aumento de vencimentos aos funcionários, isto ele fez, e, no entanto, o funcionalismo não teve oportunidade de discutir e de rebater, até pela imprensa, aquela comunicação feita à comunidade. Portanto, venho a esta tribuna insistir para que a Prefeitura estude e sugiro à Bancada do PDT, que também tem compromisso com os seus funcionários e que tem em seus quadros funcionários do Município, que converse com o Prefeito para que envie, o mais breve possível, um novo projeto de aumento, porque o gatilho salarial do mês de maio já, provavelmente, no próximo mês vai disparar outra vez e os funcionários continuarão perdendo cada vez mais em seus vencimentos, vendo a ameaça lenta de fome, já que há ameaça de corte do pagamento do mês de maio, o corte das Funções Gratificadas, dos Cargos em Comissão, das RDE e RTI, dos regimes suplementares dados aos professores. Foram ameaças fortes, o que fez, obviamente, o funcionalismo recuar, mas não mudou a sua situação de insatisfação com a atual Administração Pública. Nós continuamos, ainda, insatisfeitos. Os 20% não são nenhum mercúrio que possa ser colocado nas chagas, nas feridas que abrem o coração e o pensamento dos funcionários do Município. Nós continuamos com um tratamento vexatório; nós continuamos com um tratamento não-digno dado por uma pessoa que foi eleita pela maioria esmagadora dos contribuintes do Município, e que não foi eleito para remunerar mal os funcionários municipais, mas para dar uma remuneração condigna. E que estes funcionários possam receber um salário digno e que compense, realmente, ser contribuinte, ter um carnê de contribuição do imposto, que aumenta anualmente aproximadamente 300%, mas que não remunera a categoria em nenhum terço disto.

Então, companheiros, não vejo justiça nenhuma, e acho que a Casa, ao votar o projeto, não vai votar aumento, e sim uma pequena correção das perdas salariais que vem sofrendo o funcionalismo do Município. Muito obrigado.

 

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Quero comunicar que ficam convocados os Srs. Vereadores para a reunião conjunta de amanhã, após a Sessão Ordinária da Casa, em que será apreciado este parecer e mais um outro que se encontra pendente.

Não há "quorum" para a continuidade da Sessão. Levanto os trabalhos e convoco os Srs. Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental.

 

(Levanta-se a Sessão às 17h35min.)

 

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